Mais uma vez era o último dia do ano. Como sempre sua
família gostava de reunir os amigos, comemorar o início de um novo ano com um
pouco de comida, bebida, música e como sua mãe dizia, muita alegria.
Pouco depois das nove horas e os amigos começavam a chegar, e
já partiam para um copo de cerveja, e petiscar alguma coisa, conforme as horas
passavam os sorrisos passavam ser mais escancarados, a conversa já ficava mais
alta, o som aumentava, e ela também com um copo na mão, bebia pouco, mas também
ria, afinal o seu sorriso sempre foi muito interessante, o seu costumeiro batom
vermelho realçava ainda mais a sua boca quando sorria discretamente e iluminava
o ambiente quando de uma gargalhada, que era um tanto raro.
Então ela tentava se afastar um pouco da multidão, se
distanciava um pouco de tudo, afinal daqui a pouco tempo todos iriam se abraçar
como se fosse a maior felicidade do mundo, o tic tac do relógio iria avisar que
era meia noite do último dia ou primeiro do ano. Com o copo de cerveja na mão, aliás ainda o
primeiro, pensava que aquele já era o terceiro ano que vivia aquela situação
longe de quem amava, ou pensava que amava, apesar de todos os amigos, de toda a
multidão, ela estava só no meio de tanta gente.
Olhava o horizonte, e lá longe podia ver já alguns fogos
riscando o céu, e tentava imaginar onde agora poderia estar, lembrava de um dia
como aquele, último dia do ano tinha passado com ele, mas foi a única vez.
Tomando mais um gole da cerveja já quente foi se aproximando
de todos e a contagem regressiva tinha começado e com o previsto todos se
abraçavam e desejavam um feliz ano novo, alguns sinceramente, outros apenas
para cumprir o papel e ela entre um abraço ou outro, aproveitando aquele momento
dizia para ela mesmo que este tinha sido a última passagem de ano que estaria
naquela condição. Promessas de ano novo.
Algumas acabam sendo cumpridas, mesmo que depois venha o
arrependimento.
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