Desde pequeno Léo ouvia dizer que tinha nascido para ser o
orgulho da família. O pai, no estilo o que importa é o que parece ser, então, o
negócio é sempre parecer que está por cima da “carne seca”. Não importa se o
carro está financiando e as prestações atrasadas, mas não pode andar de ônibus,
e o carro tem de ser bom, nada de “popular”, o negócio é mostrar para
vizinhança que tem de tudo e do bom, que se foda o cheque especial, sempre tem
um jeito de dar um golpe, hoje em dia dá até trocar o CPF.
Filho meu tem de ser macho, desde pequeno, não tem problema, está
liberado, pode passar a mão da amiguinha, pode beijar na boca, de boa. Afinal é
macho, e macho faz isso, afinal a mulherada está aí pra isso, dão mole mesmo e
tem de passar o rodo.
Tem de beber, desde pequeno já pode tomar uns goles da minha
cerveja que é pra ir sentindo o gosto, e se quiser fumar também pode.
E mais, tem que partir para briga, não pode dá mole pra
vagabundo nenhum, pode até apanhar mas não pode fugir, e sem essa de dialogar,
o negócio é decidir no braço, se não dá vai no ferro, vai na faca e se precisar
detona.
E mais, sem essa de igualdade, macho é macho e viado é viado,
então nada de ser mole, não vacila, passa o ferro na bichinha.
Macho que é macho não dá satisfação, não se apaixona, nunca faz
amor, faz sexo, não é sensível, isso é coisa de mulher e de gay.
E desde sempre Léo viveu esta situação, aprendeu com o pai e a
benção da mãe, cresceu do jeito que foi ensinado a ser, e se tornou o terror da
vizinhança (faroeste caboclo).
E aos vinte e poucos anos de idade encontrou alguém, que
desmontou tudo que sua família tinha ensinado, mesmo indo contra tudo que tinha
“aprendido” sentiu que podia sentir e entendeu que as pessoas podem ser
diferentes sim, e podem viver e conviver, não precisam serem superiores e
mostrar que são o que não são, então hoje o nosso macho alfa não é assim mais
tão macho e nem tão alfa, poderia até ser um macho mais ou menos, mas no fim
acabou descobrindo que antes de ser macho o mais importante era ser homem.
Ops! Em tempo, esta é uma história de ficção, não existem pais
assim.
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