As pessoas gostam muito de falar em tempos líquidos, ou
seja, Bauman escreveu um livro com este título, onde o sociólogo procura
demonstrar como vivemos com o medo, com a insegurança nas grandes cidades,
desemprego, solidão e por ai vai. Baseando no mesmo princípio o autor escreveu
outros livros com a mesma premissa de “liquidez”, Modernidade Liquida, Vida
Liquida, Medo Liquido, e o Amor Liquido. Neste último o sociólogo procura
demonstrar como estamos frágeis com nossos laços com outras pessoas. Ao mesmo
tempo que temos a nossa disposição toda a tecnologia que nos faz aproximar, ao
mesmo tempo não conseguimos manter laços profundos. O sociólogo entende que
para o bem da humanidade as pessoas deviam terem relações mais estáveis, mais
profundas, entretanto não é assim que as coisas caminham, a mesma tecnologia
que abre as portas nos fecha interiormente. E na maioria das vezes preferimos a
solidão do nosso quarto.
As pessoas procuram nos dias de hoje buscar
relacionamentos via internet, em bate-papos, chats, redes sociais, e
aplicativos dos mais variados. Alguns por solidão mesmo, por carência, e outros
apenas para melhorar sua rede de contatos, e achar alguém com a disponibilidade
tão liquida quanta a sua.
Não nego, as vezes ou outras pode-se sim até encontrar
pessoas interessantes. As vezes pessoas que nunca se viram, as vezes
vislumbraram uma foto, que pode até ser antiga, ou de outra pessoa, um perfil
as vezes meio verdadeiro acaba conversando e surge uma “química virtual”, onde
as palavras de um correspondem com as do outro.
Num encontro real, quase sempre a visão é o primeiro
caminho para um relacionamento, no campo virtual, as vezes o que mais importa
são as palavras colocadas, talvez algum assunto em comum, trechos de um livro,
uma causa, um lugar, até uma música. Tudo isso acaba aguçando o sentindo do
outro, e por vezes daí surge algo mais do uma simples curtição, surge um pouco
mais, as vezes de um lado só, e as vezes dos dois lados.
Nem todos acreditam muito nisso, que pessoas que nem se
conheçam podem ter um sentimento forte, podem realmente sentir o “amor” pela
outra pessoa. As vezes entre as duas pessoas, uma acredita demais, sofre por isso,
enquanto a outra não pode acreditar que possa ser verdade, que alguém que nunca
se viu olho no olho pode realmente amar alguém.
Nos dias de hoje, com a facilidade das redes sociais e
dos aplicativos, além dos textos as pessoas podem trocar fotos. Até se
conhecerem melhor, podem tentar se entenderem, podem falar on-line por vídeo.
Ou seja, já não dá pra se esconder num anonimato.
Em alguns casos estas pessoas vão em frente, se conhecem,
e por vezes chegam inclusive a conviver. E então, por mais que se esforcem, por
mais que desejam, a convivência nem sempre será como era no virtual, talvez
tragam os mesmos problemas, mas no real estes problemas tomam volume expõe de
forma inequívoca as reações, as esperanças, os desejos e principalmente as
inseguranças.
Quem sou eu para discordar do Zigmunt, mas, não concordo
com esta história de amor liquido, ou relações liquidas. Existem pessoas
destinadas (pré) para algum tipo de relacionamento e outras para outros. Sempre
foi assim, e sempre será, os aparatos tecnológicos apenas ajudam a
potencializar os efeitos.
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